Avança o processo de implantação do calado dinâmico no Porto do Rio de Janeiro
No intuito de dar continuidade ao processo de implantação do software ReDRAFT® para determinação de Folga Dinâmica Abaixo da Quilha (FDAQ), no âmbito do Porto do Rio de Janeiro, três oficiais da Capitania dos Portos do Rio de Janeiro (CPRJ) realizaram uma visita técnica, na última segunda-feira (22), à Gerência de Acesso Aquaviário do porto, local de operação do sistema.
Os oficiais da Marinha do Brasil (MB) foram recepcionados por Marcelo Villas-Bôas, gestor de VTMIS (sigla inglesa para Sistema de Gerenciamento e Informação do Tráfego de Embarcações) da Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ), pelo gerente de Acesso Aquaviário do Porto do Rio de Janeiro, Roque Pizarroso, e pela equipe de especialistas e técnicos do setor.
Em sua apresentação, Villas-Bôas explicou que a primeira etapa do projeto de VTMIS – a implantação de um Local Port Service (LPS) – deverá estar concluída até o final do 1º semestre de 2022. Em seguida, o gestor detalhou a arquitetura das instalações, em especial dos sensores meteorológicos e hidrológicos do Sistema de Monitoramento Ambiental (SMA) do VTMIS. Esses equipamentos deverão ser instalados no 1º trimestre do próximo ano nas estações remotas do VTMIS localizadas em diversas Organizações Militares da MB, conforme convênio firmado com a Autoridade Marítima, visando a cobertura de toda a área de interesse da Baía de Guanabara, dada sua relevância como fonte de informação para o ‘software’ de calado dinâmico.
Villas-Bôas destacou também o Acordo de Cooperação Técnica (ACT), firmado com as Universidades Federais do Rio Grande do Sul (FURG) e do Rio de Janeiro (UFRJ), para acesso às informações das boias meteo-oceanográficas do Sistema de Monitoramento da Costa Brasileira (SiMCosta), que fornecem medições das condições ambientais. “Esses dados, obtidos quase em tempo real nos principais canais de navegação para acesso ao Porto do Rio de Janeiro, são fundamentais ao funcionamento do sistema de calado dinâmico ReDRAFT®, para que se possa operar com navios de maiores calados, além de produzir dados extremamente úteis à comunidade marítima e científica”, ressaltou.
O gestor de VTMIS explicou ainda que “a implantação do calado dinâmico, no âmbito de uma Autoridade Portuária, fato pioneiro no País, decorre fundamentalmente de um outro ACT firmado pela Docas do Rio com as empresas arrendatárias do Porto do Rio de Janeiro (ICTSI Rio, MultiRio e Triunfo Logística), que levou à escolha do software ReDRAFT® como ferramenta para cálculo da FDAQ”.
Os visitantes também assistiram à explanação do engenheiro naval Dr. Felipe Ruggeri da Argonáutica, empresa responsável pelo ‘software’ de calado dinâmico ReDRAFT®, que desenvolveu um relatório técnico detalhado com as informações do aplicativo e sobre as corridas de verificação do sistema, realizadas a partir de manobras reais de diversos navios nos últimos meses, em fiel cumprimento às exigências fixadas pela Norma da Autoridade Marítima - NORMAM-33.
Entenda o calado dinâmico
Sistemas como o ReDRAFT® analisam como os diversos fatores ambientais que afetam o comportamento dinâmico de cada embarcação, calculando o calado operacional máximo para cada manobra. A implantação desse sistema assegura que as embarcações, mesmo sob condições meteorológicas e oceanográficas adversas, irão manter uma distância segura entre a quilha do navio e o fundo do canal de navegação. Uma série de variáveis são consideradas, tais como: tipo de navio, velocidade, marés, ventos, correntes, ondas, temperaturas, salinidade, afundamento pela velocidade em águas restritas (efeito “squat”) e o trajeto da embarcação no canal.
Todas essas informações e mais os dados de batimetria e características do canal são processados em tempo real, gerando um resultado que apresenta o calado máximo em cada situação, considerando o deslocamento vertical do navio em movimento, sem o comprometimento da segurança da navegação. Além disso, esse monitoramento pode elevar a eficiência operacional, porque facilita a tomada de decisão quanto à entrada e saída de navios; flexibilizar o uso do canal; gerar ganhos econômicos uma vez que permite aumentar o carregamento dos navios; incrementar as janelas de operação, reduzindo a sobre-estadia dos navios; avaliar o impacto de assoreamento; otimizar os custos com dragagem; dentre outros benefícios.
Por ASSCOM